lunes, 8 de septiembre de 2025

Artículos: LIJ-502

 A LITERATURA INFANTIL E JUVENIL DE GUATEMALA: UM GÉNERO MARGINAL

Frieda Liliana Morales Barco

Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil


A República Constitucional de Guatemala, localizada na América Central, constitui um território de 108,889 km2. É um país pluriétnico, plurilingüe e pluricultural, rasgos estes que o definem como um país que possui uma cultura heterogénea singular dentro da qual gravitam cosmogonias fundamentalmente opostas e diferenciadas[1]. Os povos maia, xinca, garífuna[2] possuem uma cultura cujos princípios básicos provem da oralidade, entanto que o povo ladino ou mestiço, que constitui a minoria da população, se rege por uma cultura escrita, letrada, influenciada pela ocidental. Atualmente ambas as tradições convivem em tensão e em um estado conflitivo muito delicado. Contudo, estes grupos étnicos integram, em seu conjunto, a nacionalidade guatemalteca e, desde o ponto de vista legal, esta identidade nacional é respaldada pelo fato de todos eles habitarem em um território delimitado geograficamente e ser membros de uma sociedade regulada por um Estado e uma Constituição. Dentro dessa comunidade imaginada, consequentemente, também com o correr do tempo se foi acumulando um capital cultural que a representa e a identifica como um povo ante os outros.

Contudo, dos povos que integram a nação guatemalteca, os bloques maia e xinca são os que possuem identidade e tradição cultural mais antiga. Os outros, os garífunas (indivíduos de origem africana) e ladinos (produto da mestiçagem durante a Colônia), começaram a se configurar a partir da chegada dos espanhóis a território centro-americano em março 1524. Mas, os sucessos históricos derivados da conquista resultariam, desafortunadamente, na desqualificação, discriminação, menosprezo e exclusão dos indígenas, primeiro, e garífunas, depois, e tenderiam à valorização dos grupos emergentes, crioulos e ladinos.

            Essa valorização se acentuará ainda mais com a ascensão à esfera do poder do grupo ladino em 1871, após o que se conhece como Revolução de 1871, e que, para poder agir requereria de um espaço novo onde se pudera construir outra imagem do País. Desde esta perspectiva, a cultura popular tradicional, tanto aquela de origem espanhol como a indígena, representava naquele momento um fator de alto risco que podia pôr em perigo o desenvolvimento deste projeto, e por tanto, não cabia nele. Do outro lado, a não assimilação da mesma justificava-se porque é, principalmente, através da oralidade, por exemplo, que a cultura indígena reafirma sua tradição e costumes, as perpetua ao repeti-las de uma geração a outra, de certa forma as recicla e as reformula ao mesmo tempo em que este espaço do oral converte-se aqui em um fator de educação para a comunidade. Por conseguinte, estas características darão lugar ao estabelecimento de uma política de exclusão que instituirá uma série de mecanismos e operações que a deixarão à margem e sem nenhuma possibilidade de contaminar este ambiente de fecundação. A este respeito é muito atual a afirmação de Celso Lara ao dizer que em Guatemala, estas espécies folclóricas, próprias da tradição oral, não tem sido consideradas como fonte para o conhecimento da historia e concepção do mundo, nem se tem incluído nas historias literárias oficiais, o que demonstra o predomínio de uma concepção restringida da cultura, que incide em nossa identidade cultural (1989: 21).

Dessa conta, o resgate, organização, valorização e divulgação da tradição oral da cultura popular indígena tiveram de esperar muito, mas muito tempo seu turno para ser explorada e conhecida no âmbito literário[3]. Consequentemente, uma vez fortalecido o sistema político-econômico, a tarefa a seguir seria a de impulsar as políticas e órgãos socioculturais que serviriam para caracterizar e singularizar o novo país, escolas, universidades, hospitais, policia, etc.

Ao começar o trabalho de compor uma história da LIJ de Guatemala o que se apresentou foi uma floresta tupida, virgem e muita informação sem recolher nem sistematizar. Por essa razão, o estudo se iniciou com a revisão de fatos sócio históricos da conformação do país e a busca dos livros que conformam esta modalidade literária. Em primeiro lugar, os dados proporcionaram informação para poder compreender como foi à emergência, desenvolvimento e evolução da LIJ no país; já, depois, foi mais complicado porque os exemplares desses livros não existiam mais fisicamente nem em coleções de bibliotecas públicas e nem em privadas. Então, tocou que procurar em sebos e acudir a amigos que tivessem guardados alguns desses livros. Em seguida, se começou a fazer o registro dos autores (escritores e ilustradores) e livros e levantar as biografias dos autores. Deste trabalho resultaram os seguintes produtos: Han de estar y estarán... literatura infantil y juvenil de Guatemala. Una propuesta en una sociedad multicultural (2004), resultado da tese doutoral Tras las huellas de la literatura infantil de Guatemala (PUCRS, 2002); organização de seminários sobre a LIJ e a ilustração de livros infantis com o apoio da Embaixada do Brasil na Guatemala (2005-2006);logo, os livros Voces de la literatura infantil y juvenil de Guatemala (2011), um estudo monográfico de dez autores pioneiros da LIJ nacional; Catálogo de literatura infantil y juvenil (2013) que reúne a obra de 40 escritores; o Catálogo-inventário de literatura infantil y juvenil indígena de Guatemala (2014), a solicitude da Direção Geral de Desenvolvimento Cultural e Fortalecimento das Culturas do Ministério de Cultura e Esporte da Guatemala, e o qual contem: fichas de registro dos livros deste género publicados durante o período de 1960 a 2014; um inventario por idioma; um inventario por instituição que publicou estes livros; e, os arquivos eletrônicos das imagens de cada uma das portadas dos livros registrado. Em 2019, El arte de leer em Guatemala, que conta a história de como se começou a ler no país desde 1532, quando o bispo Francisco Marroquín estabelece a primeira escola, até o não 1950. É um recorrido amplio que abrange as formas de ler, os livros com que se lia e aqueles que serviram para alfabetizar.

O desenvolvimento desta pesquisa chega num ponto em que se está tratando de resgatar o que existe de LIJ indígena maia, xinca e garífuna de Guatemala, tanto a escrita em castelhano como em seus diferentes idiomas (24), como um apoio que contribua a salvaguardar o patrimônio tangível do país. Entre os resultados destaca a alta produção em idiomas kaqchikel, k´iche´, q´eqchi´, ixil e mam e a escassíssima em idiomas xinca e garífuna. Assim como, os gêneros literários predominantes são o conto, a poesia e a tradição oral e popular.

Outros aspectos que chamam a atenção são a qualidade gráfica, de edição e ilustração. Observa-se desde projetos artesanais sem nenhum cuidado por estes aspectos até, aqueles nos que se investe tanto em bom papel e encadernação, mas não em conteúdo. Com relação à ilustração, se recorre, em alguns casos, a desenhos elaborados por crianças e, em outros, por artistas plásticos indígenas. Abundam as imagens de tecidos típicos e deidades maias. O trabalho editorial é empírico, que dizer que muitas vezes se observa que se intenta que o produto seja visto como “bonito”, consequentemente, se perde a qualidade e ainda não há unidade de critérios idiomáticos. Embora se tenha avançado ao aceitar e institucionalizar o sistema de numeração maia.

Desde outra perspectiva, faz falta trabalhar na formação de linhas de pesquisa literária, de formação e educação de escritores, ilustradores, leitores e foros de crítica literária. Igualmente, de espaços para a conservação e difusão desta literatura, de quadros de bibliotecários, promotores e mediadores informados e capacitados no conhecimento da LIJ.

Contudo, esta pesquisa trouxe à luz a existência de mais de trezentos livros de LIJ indígena destinados à infância guatemalteca, assim como se conheceram seus autores, invisíveis até este momento. Por enquanto é um material que servirá como referência nacional, regional e internacional no âmbito da LIJ.

A emergência da LIJ de Guatemala se remonta ao último quarto do século XIX. Esse foi um período de formação e consolidação de muitos processos sociais, educativos, culturais e econômicos que se converteriam na plataforma do progresso e desenvolvimento do país daí em diante. No âmbito educativo se observa a criação do atual ministério de educação (1872) como una Secretaria de Instrução Pública, o que deu lugar à declaração da educação como laica, obrigatória e gratuita, à elaboração de leis específicas para reger a educação nacional, a planificação e construção de edifícios escolares públicos e, finalmente, para a aparição das primeiras escolas públicas de meninas e de meninos, assim como de colégios privados e a institucionalização da escola normal para formar quadros de professores qualificados.

Dentro deste contexto, também, aparecem os primeiros livros destinados à formação da infância, entre os quais cabe destacar a coleção de livros de leitura do professor José María Vela Irisarri (1884), que foram utilizados até fins da década de 1930. A aparição da revista Instituto nacional do professor Santos Toruño e dedicada ao presidente Justo Rufino Barrios, seu mecenas, (1883). Em 1892, aparece o primeiro jornal infantil Los niños, na que se publicavam contos infantis, biografias de personagens importantes e conselhos para as crianças. Um ano depois, acontece o primeiro congresso pedagógico centro-americano e de cujas reflexões resultariam a criação do kindergarten na Guatemala. Em 1895, o presidente José María Reina Barrios (1892-1898) manda publicar os Libros de premio 1 a 4 e os Libros de lectura 1 a 4 para reparti-los nas escolas. O objetivo que estas coleções tinham era a de oferecer informação pontual literária e histórica, que contribuíram à construção da identidade nacional. Igualmente, no ano de 1897 se tem noticia da primeira companhia de teatro infantil que se apresentava com relativo êxito.

Contudo, este clima de formação se interrompe com a chegada do presidente Manuel Estrada Cabrera (1898-1920), pois no seu governo o sistema educativo esteve voltado para cultivar os valores cívicos e patrióticos na infância e juventude através das Festas Minervalias celebradas em fins de outubro de cada ano. Neste período não houve produção dirigida às crianças.

O momento que marca o nascimento da LIJ nacional é a publicação em Quetzaltenango do livro Mi niño, por el hogar, por la escuela (1929) escrito por Daniel Armas e ilustrado por Mario Mazariegos Rosal. A partir daqui, a produção de livros para a infância não cessará e em paralelo houve o aprofundamento no conhecimento sistémico dos atores no processo da criação e difusão de um livro de LIJ: escritor, editor, leitor, promotor, mediador, bibliotecário, etc. Isto último foi o que pesou mais, pois os aspectos teóricos são os que regem a futura produção. Quer dizer, as fontes não se procuraram na tradição oral e popular tanto aquela proveniente de ocidente como a dos ancestrais maias, xincas ou garinagus, senão que se fundamentou na teoria e na criação autoral.

Mas, isso não tem sido suficiente. A par da publicação das obras tem que se pensar nos processos de alfabetização, a formação de leitores, a difusão e divulgação tanto das obras como de seus autores, a criação de espaços com as condições necessárias para fortalecer e consolidar o circuito literário que, consequentemente, deve incidir na educação integral multi, pluri, inter e intra cultural e no exercício da cidadania das crianças e jovens guatemaltecos.

O anterior segue sendo uma utopia nos dias que correm. Os quatro povos que integram a nação guatemalteca: maia, xinca, garífuna e ladino parecera ser que se movem por caminhos diversos que raramente ou quase nunca convergem. Dai que, com relação à informação que se tem da LIJ indígena de Guatemala seja muito escassa. Para fins da década de 1920 se instala no país o Instituto Linguístico de Verão, uma organização norte-americana de missioneiros evangélicos que tinham como objetivo principal a difusão do conhecimento da Bíblia. Por isso, assim como o fizeram os missioneiros espanhóis durante a colônia, se interessaram pelo estudo dos idiomas indígenas maias, principalmente. Fernando Peñalosa, da Fundación Yax´te comenta que:

Uma parte do seu labor tem sido a edição de fragmentos da literatura oral e de manuais práticos em idiomas maias. (…) Quase toda esta literatura oral que se editou consistia em contos folclóricos, ou como os maias preferem chama-los, contos populares o piadas, aparte de lendas, fábulas, narrativas pessoais, relatos históricos, etc. Tem que se destacar que toda esta atividade editorial foi feita por pessoas alheias as comunidades maias. Este instituto trabalhou muitos anos entre o México e Guatemala até ser expulsos (2001). 

Uma boa parte deste material foi aproveitada pelo Socio Educativo Rural (SER), uma entidade criada para desenvolver um processo de castelhanização da população indígena monolíngue em fins da década de 1960, e assim contribuir a seu “progresso”. O trabalho consistia na capacitação de promotores indígenas bilíngues para que ensinassem a ler e escrever as crianças na sua língua materna para logo mais fazê-lo em castelhano. Desenvolviam o aspecto formativo, lhes ensinando cantos, poemas e dramatizações em forma bilíngue. Isto se devia fomentar constantemente para não perder o caminho andado. Reinaldo Álfaro Palacios, que foi chefe da seção de castelhanização do SER disse, com relação ao promotor, que era:

Tarefa de o promotor aculturar ao indígena, quer dizer, que seu labor em concreto era que nas comunidades monolíngues, seja aceita a civilização sem perder seus valores culturais, como língua materna, sua arte folclórica, etecetera (Revista El maestro, p. 146). 

Naquele tempo atendiam sete áreas linguísticas: ixil, aguacateca, mam, k´iche´, kaqchikel, q´eqchi´ e poqomchi´ com 240 promotores em 236 centros de castelhanização atendendo a 8, 919 crianças. Além do mais, se reforçava a alfabetização na população adulta. O professor Álfaro Palacios realizou um grande trabalho educativo e de formação artística, principalmente em Nebaj, Quiché, onde criou uma pequena orquestra de crianças ixiles e material para facilitar o ensino do idioma maia ixil, assim como elaborou o livro de músicas Sonrisas infantiles (1960), que também é importante porque com ele se marca o inicio de uma produção de LIJ indígena.

Logo, com a criação do Centro de Estudos Folclóricos –CEFOL–, da Universidad de San Carlos de Guatemala, a recuperação da tradição oral e popular indígenas adquiriu características teóricas cujos objetivos eram tratar de conhecer desde a antropologia, a sociologia e a arqueologia a historia dos povos indígenas, especialmente o dos maias.

A situação muda na década de 1980, período no qual começam a surgir organizações maias que publicam seus próprios livros contendo a tradição oral e popular de seus ancestrais, a maioria em edições bilíngues. Em 1987 se oficializa um alfabeto especial para cada uno dos vinte e um idiomas maias. Logo, em 1990, depois de um processo e luta que começou em 1949, se cria oficialmente a Academia de línguas maias de Guatemala por decreto constitucional número 65-90. Seus objetivos se centram em promover o conhecimento e a difusão dos idiomas maias, pesquisar, planejar e executar projetos linguísticos, literários, educativos e culturais que tendam uma melhor compreensão dos mesmos e sua integração no país.

Igualmente, dentro do ministério de educação se criam dependências que se orientaram ao desenho, planificação, elaboração, publicação e difusão de materiais bilíngues, destacando o Sistema de Melhoramento de Pessoal e Adequação Curricular –SIMAC–, a criação de escolas especiais para a formação de docentes bilíngues e a formulação de pensa de estudos específicos. Neste contexto, também, se cria o Instituto de Lingüística e Educación –ILE–, da Universidad Rafael Landívar, instituição que começa publicando livros e coleções definidas para atender ao público infantil maia-falante.

Na década seguinte, 1990, e no marco da celebração dos 500 anos, se observa o auge da ajuda internacional através de doações pontuais e de ONG que atuam na área ocidental do país. Uma parte de seus eixos de trabalho se destina à publicação de livros para crianças. Mas, muito poucos foram projetos bem logrados gráfica e editorialmente, outros, não tanto. Contudo, o resultado negativo disto são as tiragens mínimas e a não conservação dos exemplares em bibliotecas, tanto públicas como privadas, assim como a falta de estudos académicos de recepção crítica e literária.

Desta situação surgiu a proposta do Ministério de Cultura e Esportes para sistematizar e elaborar um catálogo-inventário onde registrar a produção da LIJ indígena guatemalteca, cujo resultado deverá gerar estúdios e pesquisas pontuais sobre este tema. No catálogo-inventário em menção podem-se observar os seguintes resultados:

1)      Realizou-se pesquisa na Biblioteca Nacional Luis Cardoza y Aragón, Centro de Documentação do ministério de Cultura e Esportes, Bibliotecas públicas municipais, Livrarias e sebos, Feria Municipal do Livro, CEFOL e no acervo da coleção privada de LIJ da Guatemala de Frieda Liliana Morales Barco.

2)      Localizaram-se 350 livros de LIJ indígena da Guatemala, dos quais, um 90% formam parte do acervo da coleção privada de LIJ da Guatemala de Frieda Liliana Morales Barco, e o outro 10%  foi localizado nas instituições antes mencionadas.

3)      Elaboraram-se 242 fichas de catalogação.

4)      Se escanearon 242 portadas de livros.

5)      Inventariaram-se 350 livros organizados por idioma.

6)      Inventariaram-se 336 livros organizados por instituição de publicação.

7)      Se destaca a alta produção em idiomas kaqchikel, k´iche´, q´eqchi, ixil y mam em contraposição da escassíssima publicação em idiomas xinca e garífuna;

8)      Os géneros predominantes são o conto, a poesia e aa tradição oral e popular;

9)      Os temas se centram principalmente no cosmos e a natureza; e

10)  Na sua maioria são processos criativos em coletivo.

Enquanto ao formato de publicação relacionado com a qualidade gráfica, a edição e a ilustração, nisto observa-se que tem havido projetos desde os artesanais sem nenhum cuidado por estes aspectos, até aqueles nos que se inverte tanto em bom papel e encadernação, mas não em conteúdo. Com relação à ilustração, se recorre, em muitos casos, a desenhos elaborados por crianças e em imagens preestabelecidas na internet, e, em muito poucos, a artistas plásticos indígenas. Abundam as imagens de tecidos típicos e deidades maias. O trabalho editorial é empírico, quer dizer que muitas vezes se observa que se intenta que o produto seja visto como “bonito”, consequentemente, se perde a qualidade e ainda não existe unidade de critérios idiomáticos. No que se tem avançado é em aceitar e institucionalizar o uso do sistema de numeração maia.

Assim mesmo, faz falta trabalhar na formação de linhas de pesquisa literária, de formação e educação de escritores, leitores e foros de crítica literária. Igualmente, de espaços para a conservação e difusão desta literatura, de quadros formados de bibliotecários, promotores e mediadores informados e capacitados no conhecimento da LIJ. Daí que os resultados desta pesquisa sirvam, neste momento, unicamente como referencia nacional, regional e internacional no âmbito da LIJ guatemalteca.

A pesar disto, como anota o historiador Carlos René García Escobar, esta literatura é incipiente e está na:

Busca e reencontro de suas raízes culturais ancestrais, como una forma de resistência idiossincrática frente à secular dominação do poder hegemónico de raiz ocidental. (…) Suas obras refletem o retorno a suas raízes fundamentadas no conhecimento do Popol Vuh e outros textos vernáculos, como fonte primordial da coleta. (…) A temática de seus assuntos poéticos e narrativos está vinculada profundamente com a natureza e os costumes tradicionais, a mitologia local e as crenças cosmogónicas, para o qual, seus próprios idiomas possuem os vocábulos e a fonética adequados. Em outros casos, os assuntos estão relacionados estreitamente com os processos de etnocídio e genocídio que o Estado guatemalteco perpetrou nas décadas passadas e que provocou a perda de familiares e o exilio ou desmobilização. Todos estes temas estão permeados por um sentimento de discriminação sociocultural sofrida secularmente na sua qualidade de grupos humanos em desvantagem ante os grupos dominantes e hegemónicos (2014: 5). 

Esta situação, outorga à LIJ um perfil ideológico e político para o qual, também se estão buscando os rasgos que a caracterizarão. Todavia não madura. E, com relação à modalidade literária como um todo, tampouco se lhe tem permitido ter uma presença autónoma no sistema educativo. É uma arte que se desenvolve na sua sombra. Por essa razão, em Guatemala, ainda neste tempo, segue sendo uma literatura muito permeável à pedagogizaçao, moralização e utilitarismo. É uma literatura que, ao igual que seus quatro povos, caminha por separado, foge das suas raízes e se recusa a se integrar.

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Referencias bibliográficas

Armas, Daniel. (1929). Poesía infantil, para la escuela, para el hogar. Quetzaltenango: Tipografía E. Cifuentes.

García Escobar, Carlos René. Avances de la literatura guatemalteca contemporánea: la literatura maia. En: Revista Códice, año 4, número 9, septiembre. Guatemala, 2014.

Morales Barco, Frieda Liliana. Han de estar y estarán, literatura infantil de Guatemala. Una propuesta en una sociedad multicultural. Guatemala: Letra Negra, 2004.

Peñalosa, Fernando. La literatura maia. Tres perspectivas: el editor. Disponível em: Istmo, revista digital. [http://istmo.denison.edu/n04/foro/maia.html]. 2001.

Toruño, Santos. Instituto Nacional. Guatemala: s.e., 1883.


[1] A Universidad de San Carlos de Guatemala criou em 8 de julho de 1967 o Centro de Estudios Folclóricos; e em 1975 foi criado o departamento de Folclore Literário. A tarefa de pesquisa tem sido prolífica e profunda, contando até hoje com uma recopilação de pelo menos 1700 contos, lendas, mitos e casos procedentes de todo o país, assim como um registro completo de contadores de histórias que ainda existem na área rural, colônias marginais e velhos bairros.

[2] Cosmovisão Cristiana, a que impuseram os conquistadores e colonizadores espanhóis em América, que tem suas raízes na teologia medieval e na cultura grega; cosmovisão maia, que privilegia a natureza e seu entorno; e, a cosmovisão sincrética, que se pode traduzir como uma cosmovisão mestiça que se concretizou na resistência cultural.

[3] O garífuna é um povo constituído desde quase dos séculos por 150 garinagu (afrocaribenhos) procedentes de Honduras e o Haiti, que se assentaram na costa atlântica da Guatemala. Seu idioma tem suas raízes no idioma arawako e o caribe, mas fortalecido através do tempo com termos derivados do inglês, francês e o espanhol. Os caribes vermelhos eram indígenas que habitavam o lugar desde 1332, produto do cruzamento dos habitantes nativos das Antilhas Menores conhecidos como arawak, e os indígenas caribes, pessoas bélicas oriundas da cuenca do Río Orinoco, na Venezuela. Os africanos, em troca, chegaram à ilha por acidente, logo de que um barco português que os havia reclutado à força para leva-los como escravos para o Brasil caiu num arrecife perto a São Vicente, trás uma revolta provocada pelos africanos. Na atualidade, a população garífuna guatemalteca está formada por ao redor de 18 mil pessoas, das quais seis mil moram no país, já que muitos têm migrado em busca de melhores condições de vida. Hoje em dia lutam por seu reconhecimento nacional e porque se lhes tomem em conta nas decisões de governo.

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Fuente: Biblioteca AGLIJ, 2025. Ponencia pronunciada en la Mesa redonda: XI JOGO DO LIVRO E I SEMINÁRIO LATINO-AMERICANO: MEDIAÇÕES DE LEITURA LITERÁRIA, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.  Noviembre de 2015.

Historia LIJ-502: Día nacional de la Alfabetización

Una de las primera notas sobre la importancia de la Alfabetización registrada en un periódico nacional el 13 de mayo 1921.

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Por la alfabetización del país
Sylvestre Bonnard

El ingeniero don Ricardo Barrientos al cesar en sus labores como diputado de la Asamblea Constituyente, lleva la idea de alfabetizar al país en el término más breve.
    La Constitución manda impartir la enseñanza elemental, gratuita. El Gobierno, está, por lo tanto, en la obligación de enseñar; pero como los métodos empleados hasta ahora no han dado un resultado inmediato ni absoluto, para cumplir con el precepto que señala nuestra Constitución, es indudable que toda labor encaminada a descubrir la manera de facilitar la educación del pueblo, ha de ser bien recibida por el Gobierno y por el pueblo; y es por eso que el ingeniero Barrientos, que tiene un plan delineado en mente, se acoge a su medio ambiente natal para desenvolver el sistema, que, según él afirma, es completamente nuevo.
    Según el ingeniero Barrientos, su sistema vendrá a revolucionar la enseñanza de las primeras letras, lográndose arrancar del analfabetismo a la masa inmensa del campesino guatemalteco en un término de tiempo tan corto que aun contando con unos pocos maestros educados por él mismo.
    Hasta ahora no conocemos de qué medios piensa valerse el inventor para lograr su intento; pero ateniéndose a sus conocidas dotes de investigador y a su clara inteligencia no dudamos que ha de coronar con el más completo éxito su obra y que el Gobierno de Guatemala, dentro de la órbita de sus obligaciones no ha de titubear en apoyar firmemente con el objeto de cambiar por completo la faz moral del pueblo guatemalteco.
    Cuando don Ricardo Barrientos nos comunicó sus proyectos, hablaba con el entusiasmo de un iluminado. Parecía como si gozara ya con la visión de una Patria rescatada a las tinieblas de la ignorancia, y como si en él mismo resplandeciera la luz que pretende hacer en el inmenso cerebro del trabajador del campo.


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Fuente: Biblioteca AGLIJ, 2025.